Eu nem havia notado
A xícara de café estava em cima da mesinha enquanto eu digitava no computador, o trabalho consumia todas as minhas forças. Peguei meu café para tomar um gole e percebi o quanto ele estava frio. O tempo havia passado. E eu nem havia notado.
O relógio gritava, mas o sono não chegava e meus dedos continuavam frenéticos no teclado do computador. Era 02h da madrugada. O tempo havia passado. E eu nem havia notado.
O celular tocava, mas eu não tinha tempo para atender. Desliguei. Continuei digitando em meu computador, sendo sugada cada vez mais pelo meu trabalho. A bateria acabou. E eu nem havia notado.
Levantei-me da cadeira e fui direto ao banheiro, no espelho o meu reflexo me mostrava tudo o que eu não queria ver. Rugas e linhas de expressão, o cansaço marcado em cada parte do meu semblante. O tempo passou. E eu nem havia notado.
Olhei para o meu celular, várias chamadas da minha família que eu não atendi. Uma mensagem que eu não abri.
“apenas avisando que ela faleceu… retorne a ligação assim que ver essa mensagem”.
Naquele momento o silêncio era barulhento. Apenas lembrei de momentos em que deixei o tempo passar sem me importar. Agora eu notei. Mas era tarde.
